segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Viúvas contra Samakuva



Mais de duas centenas de viúvas de guerra da província do Huambo exigiram da  UNITA e de Isaías Samakuva “prudência e cuidado” na forma como pretendem “atingir os seus desígnios políticos”, usando a “via da calúnia” contra os dirigentes do país e a “desordem institucional”.

As Mulheres Viúvas de Guerra da Província do Huambo e do Bié, num comunicado emitido pela líder da organização, Rosa Chitula, dizem que “não entendem como a UNITA, um partido que sempre defendeu a arrogância e a falta de cultura pelo diálogo, carregando às costas uma série de atrocidades contra o povo angolano, em particular contra as gentes do Planalto Central, quer fazer aproveitamento político de um momento triste para a nação”, procurando obter “um protagonismo que o povo não lhe confere”.

As Viúvas de Guerra do Huambo e Bié dizem no comunicado que “condenam veementemente as intenções” da UNITA – que classificam como “organização sem escrúpulos para apontar o dedo a quem quer que seja em Angola” por fazer “aproveitamento político de um caso que está entregue às autoridades judiciais”.

As Viúvas de Guerra  dizem também que “não entendem como uma organização que sempre primou pela via do conflito armado, pela arrogância dos seus dirigentes e pela constante falta de cultura de diálogo e entendimento político com as instituições do Estado”, quer agora “colocar em causa tudo o que em 12 anos de paz” foi alcançado pelo povo angolano, “por via dos seus legítimos líderes eleitos pelo povo, com particular realce para o Presidente da República, José Eduardo dos Santos”.

A UNITA é um partido que sempre procurou conquistar espaço político à margem da lei. Falam abertamente do caso Camulingue e Cassule, mas se esqueceram de muitas atrocidades praticadas aqui no Huambo, entre elas o massacre da Canhala, na Ekunha, em que mataram mais de 200 angolanos. Se fossemos agora todos a desenterrar o passado, o que seria de Angola?”, perguntam. 

As mulheres exigem da UNITA uma “posição politicamente correcta e coerente”, porque consideram que “manifestações fora de contexto e sem interesse para o povo, podem colocar em perigo a paz e o rumo certo que o país segue desde 2002 sob a liderança do Presidente José Eduardo dos Santos”.

O comportamento da UNITA”, dizem, “não é o mais correcto”. 

O comunicado adverte: “se pretenderem seguir a via da contestação sem sentido, as mulheres viúvas de guerra do planalto central vão reflectir seriamente sobre a organização de uma marcha em direcção a Luanda, para exigirmos ao senhor Isaías Samakuva que nos entregue de volta os nossos maridos, filhos, irmãos e amigos que foram enterrados vivos e outros atirados aos jacarés nos rios da Galanga e cacimbas do Bailundo, Catchiungo e outros males que nos causaram, porque nos obrigam a rebuscar tão doloroso passado”, diz o comunicado da organização de mulheres.

in Jornal de Angola de 25.11.2013

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