quarta-feira, 21 de março de 2012

Sociólogo reconhece défice de autoridade dos pais sobre os filhos



O sociólogo José Mulusi Abraão reconheceu hoje, em declarações à Angop, na cidade do Huambo, haver actualmente um acentuado défice de autoridade dos pais sobre os filhos, reflectido no distanciamento entre ambos (pais e filhos).

O especialista, que falava a propósito do dia do pai, assinalado segunda-feira em todo o mundo, lamentou o facto de muitos filhos lembrarem-se apenas dos pais quando têm problemas, situação que torna ainda mais deficitária a relação com os progenitores.

José Mulusi Abraão condenou também a atitude de muitos pais que se demitem do seu papel, assim como os que optam pelo autoritarismo para disciplinarem os filhos.

Segundo José Mulusi Abraão, o diálogo familiar ajuda os pais e os filhos a estarem conscientes das suas responsabilidades, evitando que cada um deles reclame de excessos que possam surgir no relacionamento.


Os pais não devem, nunca, abdicar da sua autoridade, mas têm de ser sábios para que esta autoridade não se transforme em autoritarismo. Na liderança familiar um pai tem por obrigação facilitar os processos e não assumir-se como um chefe”, aludiu.

O sociólogo lembrou que no passado os pais tinham um conceito de educação baseado exclusivamente na punição e dificilmente ilustravam as razões da tomada de uma determinada sanção ao filho, algo que não se verifica actualmente.

Considera, por esta razão, extremistas os que tentam comparar a relação entre pai e filho em tempos idos e na actualidade onde os pais se mostram cada vez mais preocupados em indicar caminhos e proibições aos filhos.


Nota-se evolução em alguns aspectos, até porque antes os filhos não podiam questionar os pais por qualquer decisão, sob pena de serem considerados indisciplinados. Acho que temos extremado bastantes as nossas posições quando tentamos comparar o nosso tempo com o actual”, referiu.

Disse ainda que do mesmo modo como os filhos actualmente reclamam dos seus pais, o inverso também ocorre, tendo apontado a falta de disponibilidade dos filhos em obedecerem como a principal reivindicação que os pais apresentam.

Sublinhou também que os filhos, apesar de estarem sob alçada dos progenitores, devem desde muito cedo compreenderem que são responsáveis primários dos actos que praticam.


Não podemos negociar com os filhos para que eles se portem da melhor forma possível em troca de qualquer estímulo que os possamos dar. Isto é que o que de pior pode acontecer na relação pai e filho, por esta razão é que muitos de nós somos acusados de comparticipantes do mau carácter de nossos filhos”, enfatizou.
in ANGOP de 21.03.2012

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